O que é necessário para um Centro de Treinamento ser credenciado?
O credenciamento de um Centro de Treinamento (CT) em Neurocirurgia exige o cumprimento de uma série de requisitos que garantem um ensino de qualidade e a formação adequada dos residentes. Esses critérios abrangem infraestrutura, corpo docente, volume de cirurgias, metodologias de ensino e mecanismos de avaliação contínua.
A seguir, apresentamos os principais critérios que um serviço de neurocirurgia deve atender para ser credenciado pela Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN) e pelo Ministério da Educação (MEC).
1. Infraestrutura Necessária:
Para oferecer um treinamento de excelência, o CT deve contar com uma infraestrutura completa, incluindo:
Salas cirúrgicas adequadas – Equipadas com microscópio cirúrgico, coagulador bipolar, sistema de neuronavegação e outros equipamentos essenciais.
Unidades de Terapia Intensiva (UTI) – Disponibilidade de leitos com monitoramento contínuo para o atendimento pós-operatório.
Serviço de Neuroimagem 24h – Acesso imediato à tomografia computadorizada, ressonância magnética e hemodinâmica para suporte diagnóstico.
Ambulatório especializado – Atendimento regular para acompanhamento pré e pós-operatório dos pacientes.
Laboratório de anatomia e microcirurgia – Espaço destinado ao treinamento prático dos residentes.
Além disso, o CT deve garantir o acesso a bibliotecas digitais, videoteca neurocirúrgica e outros recursos educacionais para complementar a formação dos residentes.
2. Corpo Docente Qualificado
O time de preceptores e orientadores desempenha um papel fundamental na formação dos residentes. Para ser credenciado, um CT deve contar com:
Chefe de Serviço (CS) – Deve possuir o título de especialista em Neurocirurgia pela SBN/AMB e ter no mínimo 5 anos de experiência na área.
Mínimo de 5 preceptores – Todos devem ser especialistas em neurocirurgia e participar ativamente das cirurgias realizadas no serviço.
Carga horária mínima – O CS e os preceptores devem cumprir um número mínimo de horas semanais dedicadas ao ensino e supervisão dos residentes.
O comprometimento dos docentes com o ensino é avaliado por meio de suas atividades acadêmicas, publicações científicas e participação em eventos da área.
3. Volume Cirúrgico Mínimo
Para garantir que os residentes adquiram experiência prática suficiente, o CT deve realizar um número mínimo de procedimentos cirúrgicos por ano. Entre os principais requisitos estão:
Trauma cranioencefálico e raquimedular – Mínimo de 55 cirurgias anuais.
Tumores cerebrais e da base do crânio – Mínimo de 30 procedimentos.
Cirurgias vasculares (aneurismas, malformações arteriovenosas) – No mínimo 33 casos anuais.
Neurocirurgia pediátrica – Procedimentos essenciais como derivação ventricular externa e correção de malformações congênitas.
Hidrocefalia e cirurgias da coluna – Alto volume de casos para garantir o treinamento adequado.
Os residentes devem participar ativamente das cirurgias, assumindo responsabilidades progressivas ao longo do treinamento.
4. Programa Educacional Estruturado
Além da experiência prática, um CT credenciado deve oferecer um programa educacional bem definido, incluindo:
Currículo Mínimo – Baseado nas diretrizes da SBN/MEC, garantindo o aprendizado teórico e prático essencial.
Aulas e conferências – Encontros semanais e mensais sobre temas neurocirúrgicos, neuropatológicos e neurorradiológicos.
Estágios rotatórios – Oportunidade para os residentes adquirirem experiência em áreas como neurocirurgia pediátrica, neurorradiologia intervencionista e neurotrauma.
Participação em congressos e cursos – Os residentes devem frequentar eventos científicos, incluindo pelo menos 2 Congressos Brasileiros de Neurocirurgia (CBAN) e 1 Congresso Brasileiro de Neurocirurgia (CBN) ao longo da residência.
Registro de Atividades do Residente (RAR) – Documento obrigatório onde os residentes registram todas as suas atividades e cirurgias realizadas durante o treinamento.
5. Processo de Avaliação e Monitoramento
Para garantir a qualidade contínua do ensino, os Centros de Treinamento são submetidos a um rigoroso processo de monitoramento, que inclui:
Avaliações periódicas dos residentes – Provas anuais obrigatórias aplicadas pela SBN para medir o progresso do aprendizado.
Fiscalização da Comissão de Credenciamento – Equipes especializadas realizam inspeções regulares nos CTs.
Pontuação e classificação dos centros – Os CTs são ranqueados com base na qualidade de ensino, infraestrutura e desempenho dos residentes.
Revisão obrigatória a cada 5 anos – Todos os centros passam por uma nova avaliação para manter o credenciamento ativo.
Caso um CT não atenda aos critérios estabelecidos, ele pode receber credenciamento condicional, ter o credenciamento suspenso ou até ser descredenciado.

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