Validação do Projeto Bootstrap Brasil

Evento histórico reúne sociedades brasileiras no Rio de Janeiro

Nos dias 8 e 9 de julho de 2025, foi realizado, no Rio de Janeiro, a validação do Projeto Bootstrap Brasil, um evento histórico que reuniu representantes das principais sociedades brasileiras envolvidas no atendimento ao Traumatismo Cranioencefálico (TCE): Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), Academia Brasileira de Neurocirurgia (ABNc), Associação Brasileira de Medicina de Emergência (ABRAMEDE), Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Traumatizado (SBAIT), Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) e a Associação Brasileira de Enfermagem em Neurologia e Neurocirurgia (ABENEURO).

O Projeto Bootstrap foi idealizado pelo Dr. Andres Rubiano, originalmente formatado na Colômbia e posteriormente validado na Bolívia e Peru. É reconhecido oficialmente pela World Federation of Neurosurgical Societies (WFNS). Nesta etapa, o Brasil passa a integrar essa rede internacional de padronização e qualificação do atendimento ao TCE.

Na condição de Coordenador Nacional do Projeto e atual Presidente do Capítulo de Neurotrauma da FLANC, tive a honra de convidar estas sociedades para compor o grupo de validação brasileira, em um trabalho interinstitucional inédito.

A representação da SBN incluiu o Dr. Ruy Monteiro (RJ), ao lado de colegas neurocirurgiões como Dr. Wellingson Paiva (SP), Dr. Jorge Paranhos (MG), Dr. Wander Nasser (GO) e Dr. André Cecchini (RS).

Em minha fala no evento, destaquei: “Este foi um evento histórico para o Brasil. Conseguimos reunir as principais sociedades envolvidas com o atendimento do paciente vítima de TCE. Não tenho dúvidas de que a implementação do que foi estabelecido e validado aqui poderá ter grande impacto no atendimento ao TCE no Brasil, desde locais onde a infraestrutura é fator limitante até centros com neurocirurgião e UTI capacitada.”

Entre os consensos gerados, merece especial atenção a recomendação para reclassificação dos pacientes com Glasgow entre 9 e 11 como portadores de TCE potencialmente grave. Também foram enfatizados o uso adequado de solução salina hipertônica, além do estabelecimento de metas para tempo porta–TC de crânio e tempo TC de crânio–cirurgia, de forma análoga ao que já aplicamos para o AVC isquêmico agudo.

Queremos enfatizar, por fim, que o TCE segue sendo uma condição de enorme impacto socioeconômico em nosso país, atingindo principalmente a parcela mais economicamente ativa da população. Essa validação conjunta e o compromisso das sociedades participantes constituem um passo importante para qualificar e uniformizar protocolos de atendimento em todo o território nacional.

Agradeço desde já a atenção e a possibilidade de divulgar essa notícia para todos os colegas da SBN.

Atenciosamente,

Dr. Robson Amorim - Coordenador Nacional do Projeto Bootstrap Brasil.

Presidente do Capítulo de Neurotrauma da FLANC. Membro Titular da SBN. Ex-Presidente da ABNc (2024-2025).