O que é verdade e o que é mito sobre AVCs em jovens?
- Portal SBN

- 8 de jul.
- 3 min de leitura

A doença está se tornando cada vez mais um problema para jovens e adultos em idade produtiva e economicamente ativa
Tem sido cada vez mais comum nos meios de comunicação do país matérias sobre o aumento de casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) em jovens. Essa é uma doença historicamente associada aos idosos, mas que agora tem recebido mais atenção e espanto por parte do público geral, principalmente após a divulgação de casos de vítimas na faixa etária entre os 20 e 30 anos.
O AVC, como um todo, tem aumentado nos últimos anos em todo o planeta. Ele não está apenas acompanhando a taxa de crescimento populacional global, mas a ultrapassando. Pontos-chave confirmam isso, com base em estudos do Global Burden of Disease (GBD) e em dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O AVC é uma condição grave que ocorre devido à interrupção do fluxo sanguíneo cerebral. Os óbitos causados pela doença figuram entre as principais causas de morte em muitos estados do Brasil. Existem dois tipos principais: o isquêmico, que representa cerca de 85% dos casos e resulta da obstrução de uma artéria; e o hemorrágico, que ocorre quando há rompimento de um vaso sanguíneo no cérebro, e tende a ter maior letalidade, embora menos frequente.
À medida que a população mundial envelhece, mais pessoas ficam suscetíveis ao AVC. O fator mais preocupante entre os jovens é o estilo de vida. O excesso de tabagismo, a popularização do cigarro eletrônico, o consumo abusivo de álcool, o sedentarismo e a má alimentação contribuem para o aumento de casos entre pessoas cada vez mais jovens.
A ideia de que o AVC atinge apenas idosos é um dos equívocos mais comuns e perigosos. Na prática clínica, tem sido registrado um crescimento expressivo de ocorrências em pessoas com menos de 45 anos. Ou seja, é um mito pensar que jovens estão livres desse risco. Ainda que a idade seja, sim, um fator de risco natural, outros elementos como estresse crônico, distúrbios autoimunes, uso de anabolizantes e até condições genéticas também têm pesado nas estatísticas.
Outro mito recorrente é o de que jovens com hábitos saudáveis estão totalmente protegidos. Embora uma rotina equilibrada reduza significativamente os riscos, há casos em que o AVC ocorre em indivíduos fisicamente ativos e com boa alimentação, devido a malformações arteriovenosas cerebrais, dissecções arteriais espontâneas ou histórico familiar. Nessas situações, o estilo de vida ajuda, mas não garante imunidade.
É importante também desconstruir a falsa impressão de que um AVC em pessoas mais jovens tende a ser menos grave. Apesar de o corpo jovem ter maior capacidade de recuperação, as sequelas podem ser igualmente debilitantes — afetando fala, cognição, movimentos e até a autonomia do paciente. Alguns jovens perdem anos de produtividade por não receberem diagnóstico e tratamento a tempo, justamente por acreditarem que estavam fora do grupo de risco.
Mesmo episódios de curta duração, como alterações momentâneas na visão ou fala, devem ser levados a sério. Muitas pessoas acham que se os sintomas passam rápido, não é AVC, o que também é um mito. Esses quadros podem indicar um AIT — Ataque Isquêmico Transitório — e funcionam como alertas importantes para um possível AVC mais grave.
De acordo com o Ministério da Saúde, os sintomas mais comuns incluem: fraqueza ou formigamento na face, braço ou perna — especialmente em um lado do corpo; confusão mental; dificuldade para falar ou entender; alterações na visão; perda de equilíbrio; dor de cabeça súbita, intensa e sem causa aparente.
A SBN reforça que o tempo é fator decisivo em casos de AVC. A rapidez no atendimento pode fazer toda a diferença no prognóstico, tanto para idosos quanto para jovens. O ideal é que qualquer sinal de alerta leve a um pronto-socorro, sem hesitação. O AVC é tempo-dependente, e cada minuto conta.
Conheça alguns dados importantes
Entre 1990 e 2021, o número de novos casos de AVC aumentou em 70%;
A prevalência, ou seja, o número de pessoas vivendo com sequelas, aumentou em 86%;
O número de mortes por AVC aumentou em 44%;
Os Anos de Vida Ajustados por Incapacidade (DALYs) cresceram 32%, demonstrando o impacto profundo na saúde pública.
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