É o que revela pesquisa conduzida pela Universidade Estadual de Campinas
Um estudo conduzido por pesquisadores da Unicamp, que avaliou 86 voluntários diagnosticados com Covid-19, revelou que o novo coronavírus altera o padrão de conectividade funcional do cérebro, mesmo em casos de pacientes com sintomas leves.
Segundo as informações divulgadas pela agência Fapesp, durante o desempenho de certas atividades, o cérebro ativa algumas áreas e coloca outras em repouso, mas nos pacientes analisados, imagens de ressonância magnética revelaram um cérebro com todas as áreas ativadas. O controle foi feito na comparação de imagens de 125 pacientes sem Covid-19.
Outras alterações físicas foram observadas nos exames, como redução da espessura de áreas do córtex, além de lesões na microestrutura da substância branca do cérebro. A pesquisa ainda está em andamento e busca responder:
Se essa hiperatividade explicaria alguns dos efeitos tardios, revelados por muitos dos pacientes afetados pela Covid-19, como cansaço excessivo, falta de concentração, ansiedade, etc.
Se essa alteração no padrão pode ser um mecanismo do cérebro para tentar compensar a comunicação e funcionamento da área prejudicada.
Sobre a pesquisa:
Iniciada no segundo semestre de 2020, cerca de 2 mil voluntários com covid-19 responderam questões sobre seus sintomas e comportamentos, após 2 meses do diagnóstico, quando destacaram-se: fadiga/cansaço (53,5%), cefaleia (40,3%) e alteração de memória (37%).
Seis meses a frente, 642 pessoas ainda apresentava sintomas residuais, como fadiga/cansaço (59,5%), sonolência diurna (36,3%), alterações de memória (54,2%), dificuldade de concentração (47%) e para realizar as atividades diárias (23,5%). Além disso, 41,9% relataram sintomas de ansiedade.
Alguns dos voluntários foram avaliados presencialmente, onde passaram por exames de imagens e testes neuropsicológicos. Durante os testes, segundo as informações, os pacientes com Covid-19 apresentaram desempenho cognitivo abaixo do esperado.
A pesquisa pretende incluir mais voluntários, analisar a evolução das alterações no cérebro por cerca de três anos, além de comparar indivíduos que tiveram Covid-19, porém não apresentaram qualquer sintoma, com aqueles que tiveram o sintomas residuais. O objetivo é investigar as alterações no cérebro e encontrar respostas para conduzir tratamentos.
* Com informações de Agência Fapesp de Notícias
São Paulo, 15 de Março de 2021
Comments